2013 é o Ano da Contabilidade no Brasil e, coincidentemente,
está sendo também um dos períodos mais transformadores com que a
atividade já se deparou no país. Vivemos o desafio de concretizar as
inúmeras medidas que, nas últimas décadas, vêm sendo cozidas no fogo
lento da necessidade de assegurar transparência à gestão dos negócios
públicos e privados.
Só para citar algumas das principais mudanças, chegamos ao prazo
limite para adoção das normas internacionais nas demonstrações
financeiras (IFRS) e espera-se que o poder público comece a por em
prática as normas internacionais específicas do setor (IPSAS). O Sistema
Público de Escrituração Digital (Sped) é uma realidade irreversível e
se anuncia – em princípio para 2016 – a obrigatoriedade de escrituração
digital também para as empresas com apuração do lucro pelo Simples
Nacional.
Nesse cenário dinâmico – e temperado por complexidades fiscais e
legais menos tensas em outros países –, o centro do palco pertence ao
profissional de contabilidade que souber deixar no passado o papel de
simples retratista do caixa para se tornar um agente de gestão. Mais do
que nunca, a contabilidade tornou-se uma área estratégica, da qual se
espera análises e subsídios para diagnósticos rápidos de erros, acertos,
adequação de controles e conformidade legal de transações e processos.
Surge aí a necessidade de assegurar contabilistas capazes (e
capacitados) para levar adiante as novas exigências. Significa atrair,
desde já, os jovens talentos para a carreira, preservando o mercado de
um “apagão de profissionais” em um futuro próximo. A necessidade é
reforçada pelo fato de que, no Brasil e em qualquer lugar do mundo, toda
empresa precisa de escrituração contábil e, portanto, não pode
prescindir do apoio de um contabilista. A carreira já é a quinta mais
demandada no país. E como anda esse balanço?
Os números dão a resposta. Segundo o Conselho Federal de
Contabilidade, havia, em 16 de abril, 484.583 contabilistas registrados.
Nesse mesmo dia, porém, o Empresômetro, do Instituto Brasileiro de
Planejamento Tributário, apontava a abertura de quase 443 mil novas
empresas desde o início do ano. Ou seja, a conta praticamente bate e
estamos falando apenas dos novos empreendimentos surgidos em 2013. Esse
universo pode chegar a 7 milhões de empresas, sendo 99% de micros e
pequenas. Para complicar a equação, o Brasil produz uma nova norma
tributária a cada 1h41, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento
Tributário. Enfim, temos contabilistas e auditores de menos. É um risco,
e as estatísticas mundiais mostram que, quando há um número
insuficiente desses profissionais, a corrupção pública e privada aumenta
de forma assustadora. Que venham os novos talentos!
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